História

Bissau dá um passo histórico pelos direitos das mulheres e meninas

18 fevereiro 2025

Doze bairros de Bissau abandonam a Mutilação Genital Feminina, casamento precoce e não escolarização das meninas - um passo histórico pelos direitos das mulhere

Em um evento organizado pelo Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas,12 bairros da capital declararam publicamente o abandono da Mutilação Genital Feminina, do casamento precoce e forçado e da não escolarização das meninas.

Em nome dessas comunidades, a jovem Mamisa Mendes fez um forte pronunciamento:

"Algumas comunidades, como é o caso das comunidades praticantes na Guiné-Bissau, acreditam que a Mutilação Genital Feminina é essencial para que a jovem menina se torne uma mulher e membro de pleno direito na sua própria comunidade. Só assim poderá adquirir o direito de se associar a outras mulheres da sua faixa etária, participar em todos os rituais ancestrais e até constituir família.

Hoje em dia, já temos a noção de que essa prática tem consequências nocivas, sobretudo para a saúde sexual e reprodutiva das mulheres e meninas, e que ela é considerada crime no nosso país.

Nesse sentido, nós, os populares dos bairros de Gabu Sinho, Flefé, Amdalai/Sintra, Santa Luzia, Empantcha, Antula, Bandim1, Bandim2, Cuntum Madina, Bôr, Cupul, Belem e Enterramento, na qualidade de primeiros protetores das nossas famílias, como mães, pais e irmãos que somos, orientadores e preservadores dos valores morais da sociedade, decidimos, conjuntamente com todas as estruturas sociais que compõem a nossa comunidade (Régulos, chefes das tabancas, chefes de famílias, mulheres, líderes religiosos, jovens e anciãos), que o bem-estar das nossas filhas e mulheres constitui a nossa suprema prioridade. Por isso, declaramos hoje publicamente o abandono da prática de Mutilação Genital Feminina, do casamento precoce e forçado, da não escolarização das meninas, assim como de todas as práticas que prejudicam a saúde e o bem-estar social das nossas comunidades.

Para confirmar essa nossa decisão, vamos assinar esta DECLARAÇÃO na presença do Governo da Guiné-Bissau e dos Organismos Internacionais aqui presentes."