A gestão dos resíduos sólidos urbanos ainda é um desafio em diversas cidades da Guiné-Bissau.
Menos de 15% das moradias são cobertas pela rede pública de coleta de lixo, porém, mesmo nesses casos, o resíduo não possui uma destinação adequada, e acaba em vazadouros que contribuem negativamente para a saúde da população e a contaminação do ambiente.
Dados também apontam apenas 29,5% das famílias destina os resíduos orgânicos para alimentação de animais ou como adubo para a agricultura, enquanto a taxa de reciclagem dos resíduos não orgânicos ainda é inexpressiva.
Na cidade de Bafatá, o jovem Fodé Baldé, 32 anos, relatou que o lixo era muito comum nas ruas da cidade e causava vários transtornos.
Fodé é voluntário da Cruz Vermelha e, através de um convite da Academia Ubuntu para um ateliê, tomou conhecimento do projeto “Resposta à COVID-19 em assentamentos informais na Guiné-Bissau”, implementado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat) com financiamento do Fundo Global através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e apaixonou-se pelo projecto.
Desde então, participa em todas as sessões de limpeza na cidade e das campanhas de sensibilização realizadas pela Academia Ubuntu, parceira do projecto, e ainda contribui no engajamento de outros moradores.
“Participei no workshop de sinalização do AC.Ubuntu e, depois de sair da formação, comecei imediatamente a mobilizar os meus colegas nas bancadas para limparem tudo antes da chuva, porque temos muitas dificuldades com o lixo durante a estação das chuvas”.
Ele foi voluntário no dia 12 de maio, quando o UN-Habitat e Academia Ubuntu promoveram uma campanha de limpeza na sua cidade. A iniciativa também se estende a outras cidades. Nos dias 11 e 12 de maio as equipas atuaram em Bubaque, Bafatá, Gabu e Mansoa, onde foram envolvidos 138 voluntários que juntos coletaram cerca de 22 toneladas de lixo nas 4 cidades. Apenas na praia de Bruce, em Bubaque, foram retirados cerca de 7 moto-carros de resíduos deixado por visitantes do feriado do dia 01 de maio.
Fodé relatou que após a limpeza, a cidade de Bafatá está muito melhor e que a população está muito contente e motivada para a limpeza. No entanto, ele relata que às vezes os jovens querem limpar a cidade, mas não têm materiais de limpeza. Por isso é importante o apoio externo.
“Antes da limpeza, costumávamos comprar pão num sítio muito sujo e com mau cheiro, mas no dia da limpeza fui lá e limpei tudo. Agora o sítio está mais limpo e já não cheira tão mal como antes”
O objetivo geral do projeto “Resposta à COVID-19 em assentamentos informais na Guiné-Bissau” é apoiar os parceiros na sua atuação nas comunidades mais vulneráveis da Guiné-Bissau com o fim de minimizar os impactos socioeconómicos da pandemia COVID-19 e questões subjacentes como a falta de saneamento que impactam os níveis de malária e tuberculose.
Para encontrar dados concretos sobre esses impactos, em 2023 foram realizados mais de 1.000 inquéritos nas cinco cidades participantes (Bafatá, Bissau, Bubaque, Gabu e Mansoa), os quais foram analisados e resultaram em recomendações e um plano de ações. O Plano prevê a construção de infraestrutura e sensibilizações no âmbito de saneamento básico, como o relatado anteriormente.