Testemunhos de Quinara, Guiné-Bissau Programa Conjunto UNFPA-UNICEF sobre a Eliminação da Mutilação Genital Feminina
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As vozes das vítimas da mutilação genital feminina, no sul da Guiné-Bissau.
Cadi, 16 anos - São Martinho
As mulheres da comunidade de São Martinho, em Quinara, Guiné-Bissau, juntaram-se para participar nos diálogos comunitários sobre práticas que prejudicam as raparigas e as mulheres. Reuniram-se para falar com os homens da aldeia, o imã e o chefe da Tabanka (chefe da comunidade) sobre o fim da mutilação genital feminina, do casamento forçado e do casamento infantil. Todos concordaram que estas práticas devem acabar e que nesta comunidade nenhuma rapariga voltará a sofrer mutilação genital feminina.
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Depois das mulheres mais velhas falarem, chegou a altura de ouvir a Cadi. Ela é uma rapariga de 16 anos e tem ajudado os activistas da ONG Rede de Ajuda a trabalhar na comunidade de São Martinho.
Cadi participa regularmente nas reuniões e actividades semanais, apoiadas pelo Programa Conjunto UNFPA-UNICEF para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina na Guiné-Bissau. Aí se fala de coisas que não costumavam ser discutidas, como a mutilação genital feminina, o casamento forçado, a violência de género e os maus tratos a pessoas com deficiência. Ela partilha tudo o que aprende com os seus colegas de escola.
Os diálogos comunitários começaram há cerca de 6 meses e ela já nota uma mudança no comportamento e nas atitudes das pessoas.
“Agora toda a gente evita os problemas”, diz ela.
O seu sonho é ser professora e, para isso, sabe que tem de continuar a estudar. Casar não está nos seus planos até ter, pelo menos, 18 anos de idade. Felizmente, a família de Cadi também é contra o casamento forçado e apoia-a. O pai quer que ela continue a frequentar a escola e que seja um exemplo para as suas 4 irmãs mais novas.
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Nanica, 26 anos - Vila Baxada
A Nanica já tinha ouvido falar dos perigos da mutilação genital feminina, mas não tinha percebido bem o assunto. Um dia, depois de sair da escola, encontrou uma das activistas da ONG Rede de Ajuda a trabalhar na sua comunidade, em Vila Baxada, Quinara, e começou a fazer perguntas. Nas actividades locais, apoiadas pelo Programa Conjunto do UNFPA-UNICEF para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina na Guiné-Bissau, aprendeu mais sobre a MGF, o casamento infantil e as práticas violentas contra as mulheres. “É muito importante que falemos sobre isso”, diz ela.
Agora, ela sabe quais são as consequências da mutilação genital feminina e fala sobre o assunto com os seus amigos e vizinhos.
“Não é bom e causa muitos problemas e sofrimento às mulheres”.
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Sadio, 14 anos - Vila Baxada
Sadio, 14 anos, não sabia nada sobre os perigos da mutilação genital feminina.
“Aprendi que não é bom porque é mau para a saúde”, disse.
Ela participou nas actividades para marcar o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, 6 de fevereiro, e ficou muito feliz por receber um kit de dignidade.
Ficou especialmente chocada ao ouvir falar do risco de infecções e da transmissão de doenças, porque quer ser médica quando crescer. Agora está a discutir tudo o que aprendeu com os seus colegas de escola e amigos.
Já convenceu alguns deles.
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Cadi, 22 anos, Gã Banna
Cadi gosta de participar nos diálogos comunitários e, desta vez, trouxe a sua filha mais nova, de 5 anos. Enquanto ouve as pessoas falarem sobre os perigos da mutilação genital feminina, do casamento forçado e da violência doméstica, ela faz tranças no cabelo da menina.
Ela acha que é importante falar sobre estas questões para sensibilizar a comunidade.
“Eu fui vítima de mutilação genital feminina porque não sabia, mas as minhas filhas não o serão”, diz Cadi. O marido e os vizinhos concordam agora com ela.
Ela está satisfeita com o facto de, devido ao apoio do Programa Conjunto UNFPA-UNICEF para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina na Guiné-Bissau, alguns comportamentos já terem mudado. “Já há muitas coisas que não fazemos mais”, diz Cadi.
“Eu fui uma das vítimas do casamento infantil e isso foi uma barreira para alcançar os meus sonhos”, diz Cadi. “Havia coisas que eu queria fazer mas não podia por causa do casamento.”
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