FALTA DE ÁGUA, LIMITAÇÃO DE ESPAÇOS PARA A PASTAGEM CONDICIONA A CRIAÇÃO DE GADOS NAS ZONAS RURAIS E URBANAS NO LESTE DA GUINÉ-BISSAU
Projectos do Fundo da Consolidação da Paz (PBF) têm contribuído para uma gestão pacífica dos recursos.
No âmbito do projecto de gestão pacífica dos recursos naturais ligados ao pastoralismo e transumância nas regiões de Bafatá e Gabú, com o apoio financeiro do Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz (PBF).
Foi realizado na cidade de Gabú, o primeiro encontro das Mulheres sobre o Pastoralismo e Transumância, no 14 de maio 2024.
O encontro que juntou cerca de 40 participantes dos Setores de Pitche, Boe, Pirada, Sonaco e Gabu, visa auscultar as mulheres sobre a problemática do pastoralismo e transumância, assim como propostas de soluções.
Os donos dos gados que habitam nas zonas urbanas das cidades leste da Guiné-Bissau queixam-se de falta de espaço para pastagem dos seus gados, fato que segundo esses proprietários condiciona a criação de gados.
De acordo como os donos de gados, são obrigados a recorrer quem habita nas zonas rurais e, que muitas das vezes, acabam por gerar nas zonas rurais perdas consideráveis dos seus animais.
“Há sempre falta de seriedade e de confiança por parte de quem vai cuidar dos nossos animais nas zonas rurais”, dizem as proprietárias de gados.
Perante esta situação, as mulheres da região de Gabu, apelam as autoridades regionais a criarem espaços nos centros das cidades leste do país, onde podem criar os seus gados e, manifestaram-se mesmo disponíveis para darem contribuições financeiras para a criação de espaços de passagem dos animais.
Ainda, as mulheres, lamentam falta de acesso á escola e serviços de saúde e, lançam por isso, um vibrante apelo ao governo e os parceiros do desenvolvimento no sentido de criarem condições, para que os seus filhos tenham o acesso á educação.
Também as mulheres criadoras de gado no leste da Guiné-Bissau exprimem outras preocupações relativa á contratação de um pastor que em certas circunstâncias acaba por engravidar as suas filhas precocemente e sem qualquer responsabilização judicial.
Esta denúncia acaba por gerar o sentimento de todas as participantes no encontro regional sobre a questão do pastoralismo e transumância na região leste da Guiné-Bissau.
A situação de herança foi também, um dos problemas levantados pelas mulheres.
”Existem casos, em que o marido faleceu e não há manifestação de vontade por parte do irmão mais novo ou outro membro da família em herdar a mulher. Ela é obrigada a regressar a casa dos seus pais com os filhos, deixando forçosamente para trás, o gado, adquiridos com o falecido marido.
As mulheres levantaram igualmente a preocupação de não funcionamento da unidade de conservação de leite que ficou paralisada, devido a falta de energia eléctrica na região de Gabu.
No final do encontro, as mulheres exibiram cabaças vazias em sinal de protesto pela falta de alimentação dos seus gados e que acaba por reflectir na fraca produção de leite, sendo uma das principais actividades económicas que garantem o sustento das suas famílias.
A alimentação de gados foi uma preocupação levantada pelas mulheres, na qual, recomendaram vivamente a intervenção do governo e dos parceiros em investir na produção local, sobretudo na alimentação de gados, minimizando o sofrimento dos pastores transumantes.
Este encontro regional inscreve-se no âmbito do projecto de gestão pacífica e inclusiva dos recursos naturais ligados aos pastoralismo e transumância nas regiões de Bafatá e Gabú e conta com suporte financeiro do Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz (PBF).
O projecto é do governo da Guiné-Bissau, implementado pela FAO em parceria com UNHABITAT, UNFPA e outros parceiros, com objetivo de prevenir os conflitos em tornos de recursos naturais.
O projecto vai terminar em 2025 e tem contribuído para a aceleração dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável na Guiné-Bissau, Sem Deixar Ninguém para Trás.