Exmo. Senhor Artis Bertuli, Embaixador da União Europeia na Guiné-Bissau
Exmo. Senhor Dr. André Costa Monteiro, da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau
Exmo. Senhor Bubabar Ture, Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos
Exma. Senhor Fátima Proença, Representante da ACEP
Caros Parceiras e Parceiros da Casa dos Direitos
Prezadas Convidadas e Convidados,
Agradeço, em nome de todo o sistema das Nações Unidas, o convite para estar presente aqui hoje, na companhia dos nossos parceiros nacionais e internacionais, para a abertura de mais uma Quinzena dos Direitos.
Como todos sabem, a Quinzena dos Direitos acontece em Dezembro, culminando no dia 10 de Dezembro – que é o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Infelizmente, na Guiné-Bissau, não foi possível celebrar esta efeméride no mês de Dezembro como estava previsto.
No ano passado a Declaração Universal dos Direitos Humanos celebrou 75 anos de existência.
Foi a 10 de Dezembro de 1948 que o mundo adoptou um verdadeiro mapa de direitos, que ainda hoje nos guia, como uma mapa de humanidade.
O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos para celebrar a data lançou uma iniciativa global conhecida como Direitos Humanos 75.
Os três principais objetivos desta iniciativa foram:
(i) Promover a universalidade dos direitos humanos;
(ii) Desenvolver uma série de reflexões sobre os desafios do futuro;
(iii) Continuar a reforçar o sistema de proteção dos direitos humanos.
Neste contexto, o Alto-Comissário encorajou todos os estados a organizarem diálogos nacionais sobre a situação dos direitos humanos, com um especial enfoque nos jovens.
Na Guiné-Bissau, as Nações Unidas apoiaram a organização de três consultas com jovens, em parceria com o Club Rotary de Bissau, a Rede de Crianças e Jovens Jornalistas apoiada pela UNICEF e o Painel de Jovens apoiado pelo PNUD. Com o apoio de IANDA Guiné, a Casa dos Direitos organizou também consultas em três províncias. Nos dias 19 e 20 de Outubro o Ministério da Justiça e Direitos Humanos organizou uma consulta nacional aqui em Bissau.
Várias das pessoas aqui presentes participaram nestes encontros. Permitam-me ecoar algumas das mensagens que ouvimos durante estas consultas:
- Muitos dos direitos humanos que preocupam os jovens e a população em geral são direitos económicos e sociais. Trata-se de saúde, educação, água e saneamento, alimentação, habitação, etc.
- Direitos civis e políticos como a liberdade de expressão e imprensa e a liberdade de reunião pacifica continuam também a ser motivos de grande preocupação.
- O acesso limitado à justiça e a impunidade que daí resulta foi apontado como um obstáculo maior à realização de todos direitos humanos.
- O número de mulheres e raparigas na Guiné-Bissau vítimas de discriminação e violência continua a ser extremamente elevado.
- Os direitos humanos não se realizam no vazio e identificaram-se desafios como a corrupção, a má governação ou instabilidade política, como constituindo obstáculos fundamentais.
Nas várias consultas nacionais, escutaram-se muitos problemas e desafios, no entanto ouvimos também algumas soluções, e queria partilhar convosco algumas delas:
- Houve um apelo maciço para mais programas de educação cívica e em matéria de direitos humanos, de forma a preparar as cidadãs e os cidadãos do futuro.
- Ouvimos também um claro desejo para se aumentarem as oportunidades para as cidadãs e os cidadãos – incluindo os jovens – participarem nos assuntos públicos do país.
- Falou-se da necessidade de rever ou adotar novas leis para assegurar a conformidade do quadro jurídico interno com as normas internacionais de direitos humanos.
- Insistiu-se muito na necessidade de construir instituições mais fortes, nomeadamente uma instituição nacional de direitos humanos independente.
- Pediu-se também mais apoio para organizações da sociedade civil, incluindo aquelas que prestam um papel fundamental junto das comunidades.
O que estas consultas também nos mostraram é que, não só existem já diagnósticos bastante completos, também há muitas ideias para resolver os problemas, e muita gente, incluindo jovens, incluindo mulheres jovens, com vontade de contribuir para resolver esses problemas.
O desafio para todos, incluindo, instituições como nós, Nações Unidas, que somos parceiros da Guiné-Bissau, é, pois, de fazer as escolhas estratégicas certas para capitalizar esta vontade e este talento, especialmente nas camadas mais juvenis, e sem esquecer as mulheres – que não devem ser só lembradas no dia 8 de Março, que aí vem.
Creio que poderemos continuar esta conversa no âmbito das várias atividades da Quinzena, lendo e relendo, deixando-nos inspirar por este texto único que é a Declaração dos Direitos Humanos.
Como disse o Secretário-Geral das Nações Unidas, na sua mensagem a dia 10 de Dezembro do ano passado, “a Declaração Universal é um roteiro que ajuda a acabar com as guerras, a sanar divisões e a promover vidas de paz e dignidade para todos”.
Como uma bússola, a Declaração Universal dos Direitos Humanos indica-nos o caminho.
Que todos e todas beneficiemos mutuamente desta Quinzena dos Direitos Humanos,
Obrigada.