“Devemos interpretar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável baseando na nossa cultura e realidade” jornalista Sérgia Nrani
14 setembro 2023
Um diálogo com os jornalistas para priorizar a Agenda 2030 nos seus trabalhos.
"Devemos interpretar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) baseando na nossa cultura e realidade! Podemos utilizar a cultura nos objectivos relacionados com a sustentabilidade, cidades sustentáveis, a preservação do meio ambiente. Existem na Guiné-Bissau uma cultura em todas as etnias para a preservação do mato, podemos utilizar isso como vantagem em fazer com que as pessoas entendam estes objectivos. Estamos a interpretar esses objectivos como europeus, e nós não somos europeus! A maioria da nossa população não tem um nível académico, e para os fazer entender os ODS, vamos ter que utilizar o que temos: nossa cultura, a nossa tradição” defendeu jornalista da Rádio Jovem, Sérgia Nrani.
Sérgia é uma dos trinta jornalistas guineenses que participaram no dia 12 de setembro numa consulta sobre como podem contribuir para acelerar a Agenda 2030 no país. . A consulta enquadra-se na campanha global em defesa da aceleração dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A consulta contou com a presença do Secretário de Estado da Comunicação Social, Francisco Muniro Conté, e de altos dirgentes da comunicação social guineense.
“Uma das coisas que aprendi hoje foi como contar histórias, implicando os ODS. Devemos contar histórias que humanize mais as pessoas e devemos mostrar o impacto que as acções da ONU têm nas suas vidas”adiantou a jornalista Sérgia.
O professor António Nhaga e presidente da Ordem dos Jornalistas considera o género interpretativo como o melhor para abordar os ODS e influenciar os cidadãos: “Os jornalistas devem usar o género interpretativo que tem vários elementos como grandes reportagens, entrevistas ou seja devem fazer investigações”.
“Eu acho que é muito importante que os jornalistas conheçam esses objetivos a fim de sensibilizar o público através de debates televisivos e radiofónicos” defendeu Diana Vaz, repórter da Radio Sol Mansi.
“Poderá não ser até 2030, mas acho que vamos conseguir atingir os ODS. Vejo o interesse dos meus colegas jornalistas a informar-se mais sobre o assunto, e os cidadãos também têm demonstrado interesse em saber o que isso significa, e quais são os riscos ou benefícios de atingir os ODS. Na televisão onde trabalho, temos um programa denominado “Ambientalmente” que tem o objetivo de educar, sensibilizar as pessoas para proteger o meio ambiente para as gerações futuras”, opinou Ivna dos Santos, diretora de produção da Katumbi TV.
Os jornalistas consideram que o país não está a cumprir com os ODS devido a falta de uma interpretacão baseada na sua realidade, e outros opinam que o governo da Guiné-Bissau deveria dar à imprensa guineense uma função - a de socializar o cidadão, que pode resultar num mercado de ideias, ou seja na concretização da liberdade de expressão.
“Isso é uma das outras razões que pode contribuir para a não realização dos ODS no país”, avaliou o professor Nhaga.
Os participantes esperam interações contínuas com a ONU que levem aos avanços da Agenda 2030 fazendo o cidadão comum conhecer os objectivos e consequentemente exigir o cidadão governante, solicitaram apoios financeiros para fazer reportagens, esperam também mais partilhas de documentos sobre agenda 2030, aconselharam realizações de debates nas escolas e universidades.
Também, consideram que a ONU deve aumentar o seu acompanhamento ao governo no cumprimento dos ODS. Os profissionais de comunicação social esperam que a ONU transforme a imprensa em fonte aberta, ou seja, na partilha de press kits de conteúdos sobre os ODS e aconselharam monitorar a imprensa regularmente.
O momento alto do encontro foi a assinatura do compromisso da promoção e defesa da aceleração dos ODS na Guiné-Bissau pelos diretores dos órgãos da comunicação social.
Para fortalecer as suas capacidades e conhecimentos, os 30 participantes receberam o relatório da revisão nacional sobre o progresso da implementação dos ODS na Guiné-Bissau, guias sobre comunicação climática, guia sobre saúde e direitos das mulheres e uma tabela sobre a interligação dos ODS e com os ODS.