A comunidade estatística africana celebra hoje 18 de Novembro o Dia Africano da Estatística (DAE) com o objectivo de sensibilizar o público para a importância da estatística no desenvolvimento económico e social do continente.
O tema deste ano é "Modernizar os Sistemas Estatísticos Nacionais para apoiar o desenvolvimento sociocultural em África" e está em consonância com o tema da União Africana do ano 2021 "Artes, Cultura e Património: Níveis para a Construção da África que Queremos" e apela ao reforço da produção de Estatísticas de Artes, Cultura e Património para o Desenvolvimento Sustentável e a Construção da África que Queremos".
O tema do Dia Africano da Estatística em 2021 foi escolhido para aumentar a sensibilização entre decisores, parceiros técnicos e financeiros, produtores e utilizadores de dados, investigadores, e o público em geral sobre a importância dos dados e estatísticas sobre cultura e criatividade económica no processo de construção de um mundo melhor e, mais inclusivo, pós-pandemia COVID-19.
Na Guiné-Bissau, o Instituto Nacional da Estatística (INE) é o órgão nacional responsável pela informação da estatística oficial do país e tem realizado vários estudos.
O director do INE, senhor Carlos Mendes da Costa informou que os últimos estudos sobre as condições de vida de agregados familiares foram realizados em 2018. Trata-se do inquérito sobre as condições de vida dos agregagados familiares e foi financiado pelo Banco Mundial em colaboração com a UEMOA.
“É um estudo feito em todos os países, nós fizemos em 2018 e 2019, e a análise do estudo ainda está em curso. Ainda não temos os resultados por isso ainda não o publicamos. Neste momento estamos na 2ª fase da realização desse inquérito, o que devia ser feito desde Setembro, Outubro e Novembro deste ano mas devido à pandemia tudo atrasou-se e neste momento estamos na fase inicial, que é a fase da cartografia” informou.
Um dos grandes desafios do INE, segundo o director é a falta de financiamento que tem dificultado a realização de vários estudos. O último estudo da pobreza foi realizado em 2010, e tinham agendado fazer isso em cada dois anos mas até agora estão atrasados por falta de financiamentos.
Recentemente submeteram um programa para o governo, e este está a estudar quais são as possibilidades da realização desses estudos devido à sua importância para a condução da vida dos cidadãos, para a elaboração de políticas que respondam à satisfação dos cidadãos e a importância de seguimento dessas políticas.
O INE tem recebido há vários anos muitos apoios do sistema das Nações Unidas no quadro da implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. As agências FNUAP, UNICEF, PNUD têm contribuído particularmente na capacitação dos quadros, no apoio financeiro e técnico para a realização do recenseamento geral da população e habitação (2009), na elaboração da sua estratégia nacional de desenvolvimento da estatística, e na produção dos estudos sobre Inquéritos de Agrupamento de Indicadores Múltiplos (MICS) para ajudar os país a preencher as lacunas de dados sobre o bem-estar das crianças e das mulheres. O MICS realizado pelo Ministério da Economia e Finanças, através da Direção Geral do Plano/Instituto Nacional de Estatística (INE) é uma importante fonte de dados para mais de 30 indicadores de Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Nos últimos anos, o INE também estabeleceu um Plano de Trabalho Anual com o Programa Alimentar Mundial para a realização de recolha de preços de produtos agrícolas e a realização do inquérito SiSSAN.
Neste momento, o INE está a negociar o financiamento para o 4º recenseamento geral da população que em princípio deve-se realizar em 2023, e o director informou que estão em negociação com o FNUAP que já garantiu um certo montante para a realização de várias actividades e tiveram recentemente a oferta de UNICEF para algumas outras atividades.
Sobre os ODS, o segundo relatório de seguimento do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2020 informou que a Guiné-Bissau continua a figurar-se na lista dos países mais pobres do planeta. Segundo as estimativas do 2º Inquérito Ligeiro de Avaliação da Pobreza (ILAP2 2010), a percentagem da população guineense em situação da pobreza extrema e de pobreza absoluta passaram respetivamente de 20,8% e 63,7% em 2002 para 33,0% e 69,3% em 2010
Para o Dr. Aladje Baldé, diretor do Instituto Nacional da Saúde Pública, a estatística é um instrumento extremamente importante para nos orientar em todas as áreas.
“Sem instrumentos estatísticos não podemos praticamente fazer nada que possa servir para o futuro, daí que acho que é uma área muito importante, aliás é a área onde o nível da empregabilidade é muito elevado em relação à qualquer outra área pela importância que tem para a vida dos seres humanos” salientou o doutor.
INASA é instituição coordenadora de todas as actividades de pesquisa da saúde na Guiné-Bissau, e sobretudo a base técnica de consulta e aconselhamento sobre políticas e estratégias de saúde baseadas em evidência.
Actualmente o INASA está a trabalhar na produção do sistema de informação sanitária que vai recolher todas as informações ao nível da saúde e consequentemente ajudar o país tomar decisões muito importantes para o seu próprio desenvolvimento.
“Nós até aqui não sabemos quantas pessoas é que morrem por dia ou por ano, quantas pessoas nascem, não sabemos, não existe nenhuma informação no sistema sobre isso, não há ligação entre os tribunais e a parte de saúde” declarou o Dr. Baldé.
O responsável informou que o Fundo Global deu algum financiamento para reforçar a sua capacidade mas o PNUD tem sido uma “organização internacional que tem dado apoio com uma grande energia”.
Actualmente, o INASA está a trabalhar em parceria com o PNUD através de um projecto do Fundo Global para criar vários módulos de recolhas de informações que estará centralizado num módulo principal dos parceiros, do governo e todos os organismos internacionais para buscar as informações concretas e fiáveis na base da qual podem tomar decisões.
Sobre o combate ao COVID19, Dr. Aladje disse que o centro operacional das emergencias em saúde está no INASA, que é a parte técnica fundamental para tomar decisões e trabalhar no terreno e tudo isso é graças a estas informações extraídas do módulos criados do COVID19.
Como conclusão, o Dr. Baldé informou que o ACCOVID19 publica diariamente os casos porque os laboratórios estão ligados a esse sistema. Assim quando terminam os trabalhos do dia, e de forma transparente, toda a gente sabe e têm informações sobre quantos casos existem e que medidas devem tomar.
“Por isso quando se toma qualquer decisão de confinamento estão lá as evidências, portanto a estatística contribui significativamente para dar essas informações” concluiu.