ONU promove concertação juvenil para transformar o mundo: jovem guineense debate com os seus colegas africanos a agenda da liderança mundial
25 abril 2024
Uma oportunidade para debater as questões globais que afetam o continente africano e procurar as suas soluções.
Nhana Carla Seidi, formada em Direito, actualmente secretária para assuntos de género no Conselho Nacional da Juventude (CNJ), e membro da Rede Nacional de Jovens Mulheres Líderes da Guiné-Bissau à convite do CNJ da Etiópia, vai participar no Fórum Consultivo da Juventude Africana sobre a cimeira das Nações Unidas do futuro, nos dias 26 e 27 de abril, em Addis Abeba.
Ela partilhou com a ONU Guiné-Bissau as suas expectativas em relação à este fórum e que problemáticas da juventude guineense irá partilhar com os seus colegas.
O Fórum Consultivo da Juventude Africana sobre a Cimeira do Futuro das Nações Unidas (ONU) é um evento preparatório que visa galvanizar a participação da juventude africana na definição dos resultados da próxima Cimeira do Futuro da ONU.
Com base na Carta Africana da Juventude e no compromisso da ONU com o empoderamento da juventude, este fórum procura mobilizar representantes da juventude de todos os Estados Membros de África para articular as suas perspectivas, prioridades e soluções para enfrentar os desafios globais e também informar a Cimeira do Futuro da ONU, que procura reavivar o multilateralismo para multilateralismo para a implementação acelerada dos ODS, com enfoque em cinco áreas estratégicas fundamentais que poderão ser decisivos para a concretização dos ODS até 2030. Dado o princípio de “duas agendas, um quadro” adotado na implementação da Agenda 2063 e da Agenda 2030 pela UA e pela ONU, o fórum adoptará uma abordagem integrada centrando-se simultaneamente nas duas agendas.
Como surgiu esse convite?
O CNJ da Etiópia é um dos parceiros da organização do fórum consultivo da juventude africana sobre a Cimeira do Futuro da ONU, a realizar-se em setembro deste ano. Através do CNJ da Etiópia fez-se um convite para o CNJ guineense. Fui designada pelo CNJ para ir representar a Guiné-Bissau.
Quais são as tuas expectativas em relação ao fórum consultivo da juventude?
A minha expectativa é grande obviamente porque é uma grande oportunidade de puder estar aí e partilhar com todos aqueles jovens de diferentes países da África, com diferentes expectativas mas com um objectivo comum, que é buscar soluções para os problemas da juventude africana. É uma oportunidade de ter mais experiências e contactos com outros jovens. É uma oportunidade também para levar as nossas expectativas, prioridades e ajudar na busca de soluções mais concretas e mais específicas não só para a juventude da Guiné-Bissau mas para a África em geral.
Que preocupações e prioridades da juventude guineense vais partilhar com os seus colegas?
O principal problema dos jovens guineenses é o desemprego e a falta de autonomia financeira. Essa problemática tem uma consequência enorme – é registado a fuga dos jovens para o estrangeiro à procura de outras oportunidades, e muitos não têm interesse em voltar ao país. E isso em breve, terá uma consequência muito negativa não só no sector educativo, onde já faltam professores por questão de emigração, na saúde também, muitos técnicos estão a sair do país, e isso vai-se alargando às outras áreas e incluindo a questão da força de trabalho, a maior parte dos jovens que são forças motoras também estão a sair do país. É uma das preocupações que penso levar ao debate, que é uma das questões muito atuais.
Vão debater vários temas, entre eles os ODS. Quais deles é o mais prioritário para a juventude nacional?
Na Guiné-Bissau tudo é prioridade na verdade (risos). Mas devemos saber definir as nossas prioridades e dar os primeiros passos., não podemos fazer tudo de uma vez. Contudo, a questão da mudança climática é uma preocupação para os jovens guineenses. Muitos de nós já ouvimos falar que a Guiné-Bissau é o segundo país ameaçado ou seja mais vulnerável à subida de água e até então nada se tem feito de concreto para esta ameaça. Temos ainda a questão da temperatura, hoje está muito quente. Todos nós estamos a reclamar em Bissau que está muito quente mas isso é devido às alterações climáticas e as nossas acções que não vão ao encontro do que é necessário fazer para cautelar e estancar esta ameaça. Então eu acho que é uma das principais preocupações que hoje em dia devemos ter em consideração e realmente começar a pensar na soluções mais eficazes e mais concretas a realizarmos.
Sendo membro da RENAJELF, o que as jovens raparigas guineenses podem esperar deste encontro? Qual vai ser a preocupação das raparigas que irá levar ao fórum?
É uma causa e uma preocupação que sempre tive. Hoje em dia temos assistido várias situações, não só de violência doméstica, de assassinatos, espancamentos, etc. São conjunto de coisas que precisamos de pensar numa solução, não apenas jurídica mas também numa solução social. Precisamos fazer um trabalho profundo em relação a isto. É claro que vou partilhar esta preocupação e juntos tentaremos ver qual é a causa. E todos nós temos a ideia que a questão está nos fatores culturais, étnicos e até religiosos. São estas questões que temos que fazer com que deixem de ser tabu. Levarmos o assunto á mesa e procurar soluções concretas. Eu acredito que uma reeducação da sociedade pode solucionar estes problemas. Temos várias leis que visam proteger os direitos das mulheres mas que até então ou não são aplicadas ou não são realmente eficazes para proteger as mulheres.