A Guiné-Bissau, tal como outros estados membros, participou na 15ª conferência ministerial quadrienal da UNCTAD (UNCTAD15), que se realizou praticamente entre Barbados e Genebra de 3 a 7 de Outubro de 2021.
Um evento nacional paralelo organizado em Bissau reuniu 22 participantes representando o governo, a sociedade civil, os jovens, as organizações de mulheres e o meio académico.
A economista nacional, Mussaba Canté, fez uma análise sobre o encontro e os seus benefícios para o país. Mussaba Canté dirige, desde Outubro de 2017, a agência de supervisão das actividades de poupança e microcrédito na Guiné-Bissau. É também a presidente do comité nacional para o acompanhamento da estratégia de inclusão financeira.
Na sua opinião, a UNCTAD15 foi uma oportunidade adequada para os países menos desenvolvidos definirem e decidirem os tipos de financiamento e apoio que desejam dos países ricos para reforçar as suas economias.
"Muitas vezes, há falhas no final do projecto porque não estão previamente envolvidos, e por vezes os países financiadores tomam esta decisão sem consultar os países beneficiários, tomando uma decisão em nome dos países subdesenvolvidos", disse a Sra. Canté.
Grande potencial nas regiões
No caso da Guiné-Bissau, afirmou que as regiões têm um grande potencial em termos de produção e produtividade, daí a relevância da conferência porque envolveu diferentes actores.
"Estes actores tiveram a oportunidade de se exprimir e partilhar melhores formas de financiamento com base em projectos concretos que permitirão ao país tirar mais partido de possíveis financiamentos, especialmente no período pós-pandémico", disse a Sra. Canté.
A UNCTAD15 reuniu os principais peritos e decisores políticos para trocar experiências, fazer o balanço dos progressos recentes e discutir formas práticas de impulsionar o financiamento internacional a longo prazo, a ajuda e a resolução de crises como vias indispensáveis para alcançar a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030.
Proporcionou uma plataforma para discussões frutuosas sobre a partilha equitativa de recursos entre as populações mais vulneráveis para diminuir a pobreza extrema que afecta aqueles que vivem nas zonas mais remotas do país.
A Sra. Canté recomendou que a ONU e o governo da Guiné-Bissau repensassem novas estratégias para o desenvolvimento da economia nacional, seguindo um modelo económico simples, porque tais modelos funcionam e dão sempre melhores resultados em termos económicos e sociais.
O comércio está a evoluir mas é gerido por estrangeiros
Na sua avaliação, o comércio no país está a evoluir, mas a maioria dos comerciantes são estrangeiros, que obtêm lucros na Guiné-Bissau e transferem o dinheiro para os seus países de origem, o que não tem contribuído para o crescimento económico nem ajudado o país.
"Os comerciantes nacionais devem ser identificados e apoiados, bem como a população vulnerável que vive no interior do país. Devem existir oportunidades a nível nacional, não só em Bissau mas para todas as regiões do país", disse a Sra. Canté.
A economista está convencida que o apoio e promoção dos comerciantes nacionais contribuirá para o crescimento do comércio e consequentemente para a expansão da economia nacional, contribuindo não só para o desenvolvimento económico mas também para o desenvolvimento social do país.
O Governo da Guiné-Bissau e o Sistema de Desenvolvimento das Nações Unidas estão empenhados em tomar medidas transformadoras para o bem-estar do povo.
Estão determinados a trabalhar em conjunto para a realização da Agenda 2030 e da Agenda 2063 da União Africana através das prioridades articuladas no Quadro de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UNSDCF), que está totalmente alinhado com as prioridades nacionais de desenvolvimento.