Comunicado de Imprensa

Projeto da FAO combate insegurança alimentar e apoia a prevenção de Covid-19

21 February 2022

Envolver a população para debater sobre a prevenção de Covid-19 é um dos compromissos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na Guiné-Bissau.

Desde dezembro de 2021, a organização vem realizando sessões de sensibilização com as comunidades que ficaram mais vulneráveis à insegurança alimentar durante a pandemia.

Essas sessões fazem parte do Projeto de Urgência de Segurança Alimentar (PUSA), implementado pela FAO com apoio do Governo e financiamento do Banco Mundial. Durante os encontros que levam todo o dia, cerca de 50 participantes debatem, compartilham informações, recebem materiais de esclarecimento em português e crioulo e se tornam multiplicadores do aprendizado em suas comunidades.

Legenda: Material de sensibilização

“Esse encontro é muito importante para nós porque somos nós que vamos multiplicar as informações em nossas regiões. Nós somos pessoas que transitam entre diferentes espaços de troca e precisamos aproveitar essa oportunidade aqui e em nossas comunidades”, disse Siré Fico, Representante da Rede Nacional de Associações Juvenis.

Siré contou que muitas pessoas não acreditavam na existência da doença e que tinham grande dificuldade de compreender as formas de contágio, prevenção e os perigos da doença.

“É tudo muito novo, não só para o nosso país, mas para todo o mundo. Estamos aprendendo juntos e tentando nos ajudar porque a pandemia afetou muitas pessoas em nossas comunidades rurais”, completou.

Legenda: Siré Fico participando da sessão de sensibilização em Cacheu Foto FAO Guiné-Bissau

No mês de dezembro, mais de 250 pessoas foram formadas nas regiões de Cacheu e Oio. Cada uma delas ficou com responsabilidade de compartilhar a informação com mais dez pessoas em suas comunidades. Após as sessões, os participantes receberam kits de higiene (com lixívia e sabão), que também foram distribuídos em suas comunidades para ajudar na prevenção da Covid-19. Nessas atividades, os participantes também ajudam a identificar famílias mais vulneráveis à insegurança alimentar.

"Nós ganhamos muito nesse encontro que envolve líderes tradicionais, autoridades administrativas e organizações da sociedade civil. A população nos ajuda fornecendo informações sobre a quantidade e características das pessoas vulneráveis em suas comunidades. E o que aprenderam aqui é repassado nas tabancas. Desta forma, podemos dizer que esse trabalho de conscientização é potencializado com a ajuda delas”, destacou Naiel Cassamá, responsável por ações de mobilização social da FAO. Após Cacheu e Oio, Naiel coordenará os ateliês em outras regiões do país durante o mês de março de 2022.

Legenda: Naiel, coordenador de molibização social, durante sessão de sensibilização Foto de FAO Guiné-Bissau

Esclarecimentos sobre vacinas, uso das máscaras e decretos que tratam da pandemia são pontos importantes da formação e esmiuçados pelo Técnico de Comunicação de Risco e Engajamento Comunitário do Alto Comissariado para a Covid-19, Amadú Madja Fofana.

"Há muitos boatos, desinformação, principalmente no interior. Desconstruir mitos sobre a vacina, informar sobre a situação da pandemia no mundo e no nosso país e explicar sobre o funcionamento dos decretos são pontos imprescindíveis durante essas sessões de prevenção e combate à Covid-19 ", destacou o jornalista especializado em saúde.

Pandemia e Segurança Alimentar

A pandemia agravou a situação de insegurança alimentar diante das restrições da mobilização de pessoas, distribuição de sementes e comercialização. De acordo com o relatório de inquérito do Sistema de Acompanhamento da Segurança Alimentar (SiSSAN), em Julho de 2021, 14,5% das famílias sofriam de insegurança alimentar. As regiões mais afetadas são Oio e Tombali, com taxas de insegurança alimentar superiores a 20%. Na Guiné-Bissau, durante 2018, 28% das crianças com menos de cinco anos sofriam de raquitismo e mais de 30% nas regiões de Oio, Bafata, e Gabu.

“Eu considero que a pandemia de Covid-19 veio para aumentar o nível da pobreza, sobretudo aqui na Guiné-Bissau. A nossa sociedade tem grande falta de infraestrutura e ainda é muito dependente dos centros urbanos. Os meios de produção dependem das cidades e, se as pessoas precisarem se deslocar, em um momento de impedimento jurídico, elas não conseguem”, disse José Manuel Vaz, presidente da Associação CANTELAR.

Participante do encontro, o guineense lembrou que, em Cacheu, a população teve dificuldade de acessar produtos durante a pandemia, não apenas fisicamente, por conta das limitações de mobilidade, mas também financeiramente, já que os preços subiram e muitos perderam suas rendas.

“A nossa fonte de renda no país é a agricultura. As bolanhas (plantação de arroz) estão inundadas e não há muitas maneiras de fazer drenagem de forma mais eficaz. Então, toda essa situação afetou demais a nossa vida no campo”, completou Manuel.

Com o apoio do projeto PUSA, até 2023, cerca de 50 mil famílias serão assistidas no reforço de suas capacidades com distribuição de sementes, fertilizantes, ferramentas agrícolas, pequenos ruminantes e 1.661.000 USD de transferências monetárias para pequenos agricultores. Além disso, cerca de 500.000 animais serão vacinados.

 

 

 

 

 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

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